segunda-feira, 12 de março de 2007

Resguardado



Resguardado. Guardado nos cantos interiores. Abrigado do que por fora espreita. Revelado em negativo a tudo o que vislumbro como afim a mim. Entre tantos estou. Estou muito. Estou só. Viver é. Assim deve.

É um certo direito eu decidir não querer o pensar em todo instante, providência ou circunstância. Tudo, porém, requer pensamentos. Tudo então é sempre agora. A revolução desses instantes está no íntimo que gerou o agora para o depois sendo o futuro já para trás de tudo. É movimento tanto para mim que permaneço.

Estou. Estado de estadia do corpo parado com a alma conservada quase inerte. O conservatório do tumulto de dentro é o espelho da loucura de fora. Voltarei os olhos então para onde devem mirar. Olhando para dentro é sinal da hora do adormecer. Apenas com os sentidos dormentes é possível sentir o que há no inefável. Lá buscarei verões e brisas entre a noite e o amanhecer. Nos dias de dentro eu vislumbro o desequilíbrio do mundo.

10 de novembro de 2006

3 comentários:

Anônimo disse...

ótimo!!
aqui é possível comentar, muito bom!
vou ler com calma os posts anteriores.
Beijos com carinho. Déia

ANALUKAMINSKI PINTURAS disse...

..."O conservatório do tumulto de dentro é o espelho da loucura de fora."...
Muito bom!...
Texto instigante, intrigante, tecido com fios de indagação, tingido de fina poesia!...
Bom passear por aqui. Arrumei o link para teu blog, (estava com o antigo) ok?...
Abraços dourados de sol outonal.

ANALUKAMINSKI PINTURAS disse...

"O conservatório do tumulto de dentro é o espelho da loucura de fora..."
De novo, esta frase bem construída me intriga e atrai: volto a te visitar, passeio entre tuas linhas errantes, certeiras: fluidas como o sentir, o viver e o ser!...
Abraço alado e amigo.