segunda-feira, 12 de março de 2007

Brisa


As pernas pediram, vaguei. Não saí sem rumo nem trilhei atalhos. Fui ser visitante em casa de pessoas de bem. Fui ouvir notícias das vidas que estas pessoas levam. Fui saber do rumo que estes andarilhos tomam.

Como em toda casa que se sonha nesta há pais, filhos e irmãos. Alegrias com café, tristezas com silêncio e choro, sinceridade com sorrisos. Toda a beleza das histórias fica no ato de serem contadas. Com reis, rainhas, bruxas ou tragédias. Histórias são contadas para que aprendamos mais da vida.

Hoje ouvi uma história triste. Quatro vidas de uma família e de uma casa. Alguns anos que somados eram muitos. Uma vida que escolheu o rumo de cessar. Tirou a chance da natureza agir por si e fazer o convite para dela se ausentar. Um andarilho que agora não caminha mais, se foi.

Ofício de andarilho é traçar rumos. Chão gosta de desenhar pegadas dos que andam. Quem caminha e deixa rastro corre o risco de ser seguido. Por isso, se sigo algum rastro é sempre o rastro da brisa. Sem desenho, sem contorno... ela abraça e alivia.

A vontade de andar é da alma de cada um. Com calmaria ou aflição permanece intocada. Cessar o caminhar é pior que retroceder em direção errada. É tomar caminho sem rumo ou sem volta que termina em uma trilha sem sentido...

Andarilho, 17-09-2004

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