segunda-feira, 12 de março de 2007

Carnes



Redemoinho confuso de gentes juntou povo nas ruas no arrebol no atol das rochas belas da praia de recifes coloridos mergulhando no ventre das pessoas servidas nas areias nas tendas das praias nas ruas direitas nos quartos e nos becos pessoas sendo bebidas em goles grandiosos de folia e paixão.

Alguns líquidos foram derramados em homenagem a orixás deuses hebreus vindos da babilônia ou das terras de lá para cá por onde só deus sabe. Junto a eles flores de vitória-régia foram empurradas nas águas de Amazônia. Junto a elas barcos laminados em papel foram atiçados com fogo como balões ao mar para alguma mãe de todos. Outros líquidos foram deglutidos em homenagem a Dionísios, Bacos, reis do samba, do congado, do frevo, do candombe.

Juntou mulata bamba com negro europeu e indiana nobre de família judaica mestiça com índios do Xingu. Rodopiou peão no caboclo inglês descendente de ouro português com sangue africano. Capoeiras do norte dançaram tango quase todos os dias no bloco do baião sertanejo de Minas Gerais.

Vendaval de destinos cruzados e enlaçados à vontade com carnes num festival de gentes mestiças de vidas truncadas e raízes mescladas de sangue de todos neste amontoado de povos que vive o mundo.

No final da terça-feira, alguém levantou um copinho branco de cachaça e disse: saúde!

03 de março de 2006

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