Colhendo flores
Jardinar os becos frios e molhados com crisântemos cor-de-laranja e rosa belo. O beco molhado que era de frio cinza fica colorido e celebra as flores com cantoria, serenata, jogo de bater-bafo, esconde-esconde e amores. Amores precisam de flores roubadas para manter secreta a paixão jurada e florida em beijo.
Foi necessário perambular pelo maior bosque das mais belas flores para a mais bela amada. Escolhi cesta trançada de palha para ser o cativeiro das pétalas furtadas. Levei tesoura para proferir cortes em caule diagonal, deixando escorrer a seiva, deixando as flores em água para beber, encharcar e manter linda a forma e belo cheiro pelos minutos que puder ofertar. Para ser cobertor que protege escolhi pano-de-prato branco com bordado branco de branca flor. Linda cama para as lindas flores colhidas para a linda amada.
Saí pelas ruas dos bairros da minha cidade. Encontrei casas. Adentrei jardins, furtei cultivos, colhi histórias, adentrei praças, vi gente, beijei o sol. De jardim a construção, de canteiro a orquidário, de poesia montei um lindo buquê.
O andarilho há tempo perambula o bosque do mundo sentindo perfumes belos. Anda pelas selvas caçando selvagens que preenchem a selva do seu coração. Viver de andarilho é rodar o mundo furtando pétalas para ofertar paixão para a mulher-flor que o colheu do jardim do mundo em luar. Descobrir cores e aromas que fazem sentir o sentido do amar.
22-10-2004
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