
Eu pego a onda do ar e vou surrupiar novamente, mais uma noite andada ao norte, ao sul, ao rumo. Desço, subo, desço novamente. Subo até o ápice da memória de uma vida toda cheia de rasuras. Latas, enxurradas, bueiros, vaga-lumes. É o lume da vida, vida em vagões, vida em cem meadas, sem laço, descalça em chão de terra. Um reverso burguês.
E o que importa continua sendo meu rumo sem rumo, meu desnorteado senso sem norte, meu andar quicando entre todos os recantos. Continuo indo e vindo. Eu continuo.
A vida tem dado lições didáticas pontuais, no caminho, no entardecer, na boemia, nas cordas do violão. Eu sopro a noite com notas musicais que saem da clarineta, eu canto algumas histórias vividas, aprendi a me lambuzar sempre, com tudo, de todos. É bom demais, sô!
Alguns dias meus olhos ficam marejados, martelados com alguma saudade de tudo, de tantos, dobrados e multiplicados por sentimentos lindos.
Mas, nessas pontuações tão assim, desmedidas de regras, eu permaneço dês-pontuado, sem saber exatamente o para quê de tanta coisa, o para quê de toda a vida, o para quê disso.
Por isso mesmo sou um salto, por amar o que é vento.
Por tudo isso sou errante, por necessitar de não acertos.
Somando tudo eu devo ser pássaro, por não tolerar o limite do chão.
Sou sim, um andarilho, louco errante que ‘cronifica’ a vida.
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